O intervalo tem grande importância para um treinador, é a pausa que anuncia que o jogo esta a meio, é a única pausa onde o treinador pode organizar a equipa e pode chamar a atenção a todos os jogadores sobre o que esta a correr bem ou a correr mal.
O resultado a meio do jogo é um grande influenciador de decisões tomadas pelo treinador, se a equipa está a perder, o treinador vai tentar encontrar a melhor estratégia para inverter o resultado, se o resultado está empatado, procurará levar a equipa a encontrar o caminho para o golo mas sempre com equilíbrio, se está a ganhar, então o treinador vai transmitir a sua equipa a melhor estratégia para controlar o jogo e tentar pelo menos manter o resultado.
Assim podemos concluir que o intervalo, é uma ferramenta extremamente útil para os treinadores para além de ser uma “arma” psicológica que muitos treinadores usam para aplicar energia extra aos seus atletas, o treinador pode tomar decisões táticas, conversar com os jogadores acerca do que esta a correr mal, os pontos fracos e fortes e todo qualquer outro assunto que seja importante para o jogo.
Independentemente se a equipa está a vencer ou a perder, muitos treinadores reforçam a confiança dos jogadores durante o intervalo, uma vez que dentro do balneário, não existe mais nada a não ser a equipa.
Como recuperar de um resultado negativo ao intervalo?
Antes do jogo, é necessário treinar durante a semana de treinos os processos de jogo que vão ser usados durante essa partida, isto é, ter diretrizes segundo o modelo de jogo que é a identidade da equipa, assim como ter diretrizes segundo o jogo, que são as orientações para esse jogo. Quando uma equipa entra em jogo bem treinada e previamente bem orientada, perder ao intervalo não significa que não seja um obstáculo que não é possível inverter. Quando os jogadores estão cientes daquilo que podem fazer no campo, será mais fácil inverter o resultado sem pressão e sem nervosismo. Mas quando uma equipa sente que não sabe o que está a fazer no jogo, sem saber como atacar ou defender, certamente é muito difícil inverter o resultado. Então, a regra número um é: treinar os processos da equipa. Não acredito que exista outra forma de inverter um resultado a não ser que a equipa esteja bem preparada para qualquer adversidade.
Se os jogadores estiverem bem preparados, eles sentem que podem ganhar o jogo ou levar um bom resultado, se sofrem um golo, não significa que o jogo esteja perdido, mesmo que seja contra um adversário forte. Então, se a equipa está pronta para jogar, porque não reforçar a confiança, desafiar os jogadores, torna-los mais capazes de enfrentar qualquer jogo? Ações técnicas e ações táticas são orientadas pelo cérebro dos jogadores. Quando um jogador está motivado, sente vontade de vencer, porque não reforçar essa confiança? Quanto maior for a confiança e quanto mais o jogador acreditar nas suas capacidades, mais fácil será para o jogador realizar qualquer ação técnico-tática com eficácia. Quando um jogador está a jogar bem, incita um segundo jogador a jogar bem, que por sua vez incita um terceiro, o que fará toda a equipa jogar como sabe e como se preparou. Os jogadores apenas precisam de reconhecer que o primeiro passo é o mais difícil, mas do segundo passo para o terceiro torna-se mais fácil e consequentemente todos os passos serão fáceis. Regra número dois: reforçar a confiança do plantel.
Durante a primeira metade do jogo, o treinador vai identificar os vários pontos fracos no adversário, pensando depois em alguma estratégia capaz da sua equipa usar para explorar os pontos fracos do adversário. Então o treinador ao intervalo vai explicar quais são os pontos fracos, quais são os processos eficazes que a equipa treinou e organizar a equipa de maneira a jogarem segundo a identidade da equipa. Mesmo que a equipa esteja a perder, o treinador está a criar expectativas que é possível vencer. É uma excelente estratégia psicológica para reforçar a confiança do plantel. Regra número três: identificar os pontos fracos adversários.
Por vezes os pontos fracos da equipa adversaria não coincidem com os pontos fortes da nossa equipa, então o ideal para o treinador será utilizar o(s) processo(s) mais eficaz possível que tenham sido treinado, tanto a defender como a atacar. É mais fácil por a equipa a fazer algo que treinou e que os atletas sabem fazer, mesmo que essa escolha não seja o melhor processo perante o ponto fraco encontrado, mas assim o treinador sabe que pode ir de encontro a identidade da equipa e conseguir um bom jogo, do que usar uma estratégia que equipa não treinou. Isto quer dizer que, por muito bom que seja um processo de jogo, se não for treinado, dificilmente terá eficácia. Treinar previamente processos distintos será uma grande ajuda antes de um jogo. Regra número quatro: a equipa deve jogar aquilo que sabe jogar, e não jogar a inventar.
Se ao intervalo, a equipa encontra-se com um resultado negativo, mas, no fim do jogo, a equipa conseguiu dar a reviravolta ou obter um bom resultado, o treinador deve agradecer o esforço. O treinador deve elogiar o empenho e o trabalho efetuado pelo colectivo naquele jogo, nunca esquecendo o trabalho realizado durante a semana, assim o treinador vai manter a confiança da equipa para a semana de trabalho e para o próximo jogo. Inútil será não elogiar. O elogio tem o poder de reforça a imagem de comando do treinador, é como se comprasse um serviço aos jogadores ao intervalo e no fim utiliza o elogio como moeda de troca. Da parte dos jogadores, quando conseguem a reviravolta, todos eles vão sentir necessidade de aprovação do seu treinador. Regra número cinco: elogiar o esforço dos jogadores no fim da partida.
Assim podemos fazer um breve resumo sobre cinco regras importantes para recuperar uma equipa ao intervalo. Existem centenas de regras que se aplicam a cada tipo de filosofia e características do plantel e as situações descritas são apenas exemplos, mas estas são as regras básicas:
Regra nº. 1: Treinar os processos da equipa, previamente
Regra nº. 2: Reforçar a confiança dos jogadores
Regra nº. 3: Identificar os pontos fracos do adversário.
Regra nº. 4: Jogar aquilo que preparou da forma mais eficaz quanto possível, sem inventar nada que possa atrapalhar
Regra nº. 5: Elogiar o desempenho no fim da partida
Para concluir, caso seja necessário fazer a reviravolta a um jogo, essa reviravolta começa muito antes da própria partida. Começa no treino, e equipas bem treinadas têm mais hipóteses de virar o jogo a seu favor. Então, para ganhar, o treino é fundamental.